Esse ano de 2012 em questões de leitura vem sendo um ano bastante bom pra mim. Li alguns livros que já figuram entre os meus favoritos, como por exemplo: “Sobrevivente” do Chuck Palahniuk, “A Tormenta de Espadas” do George R. R. Martin e “O Poderoso Chefão” do Mario Puzo. Foi um ano bom também porque li alguns livros do Stephen King que eu já queria ler há algum tempo e nunca tinha tempo (leia-se dinheiro) pra isso. Na verdade eu tenho um número até razoável de livros do Stephen King, mas sempre me faltou um pouco de coragem de lê-los, mesmo eu gostando muito do autor devido às adaptações cinematográficas. Gostava e tal, mas acabava sendo um negócio meio poser, já que os livros mesmo eu não lia. Pra não dizer que nunca tinha lido nada eu já tinha lido “Os Olhos do Dragão” e “O Iluminado", que por sinal a leitura deste último fez eu achar a adaptação do Stanley Kubrick extremamente ultra valorizada. Quase terminei de ler "O Talismã”, mas parei por algum motivo e isso já faz quase 10 anos, então, se for voltar a ler, vou ter que começar do começo.
“Os Olhos do Dragão” eu li graças a uma ida ao cinema.
Estava esperando a seção iniciar e fui com meu pai a livraria. Lá vi um livro
com um olho reptiliano vermelho me olhando e comecei a dar uma folheada. Acabou
que antes do filme começar eu já tinha lido umas 50 páginas e esperneei até meu
pai comprar. Li, gostei, mas achei muito infantil a história medieval do livro,
mas como na orelha dizia que ele tinha escrito pro filho (ou era filha? Stephen
King tem filha? Boa pergunta.) dei um desconto.
Um tempo depois, em 2004 se não me engano, começaram a sair nas bancas uma coleção da Planeta DeAgostini com os livros dele. Como o preço era razoável (mais barato que os da livraria pelo menos) e era capa dura comprei o primeiro volume, “O Iluminado”. Esse livro sim parecia com a ideia que eu tinha de Stephen King e foi uma leitura excelente. Me ajudou bastante na época do vestibular a relaxar e tá entre os livros dele que eu mais gosto. Talvez seja por isso que eu não gosto da versão do Kubrick. Acho que ele mudou muito da essência do livro. Deixou de ser a luta do menino sensitivo contra o hotel cheio de energia maligna, pra se tornar o Jack Nicholson ficando doido e tentando matar a família. Mas tem quem goste, então vamos em frente. Além de “ O Ilumindado” ainda comprei os 3 ou 4 volumes seguintes até que minha fonte de renda inexistente à época reclamou e tive que parar de comprar.
Apesar de ter comprado esses outros livros nunca cheguei a
lê-los. Tentei ler “Christine”, mas nunca avancei muito. Na verdade, na
verdade, não li muita coisa nesse período. O que mais li foi Bernard Cornwell e
mesmo assim muito pouco, tudo graças ao liseu típico de estudante e à falta de
tempo (Engenharia é pra quem tem coragem amigo, não é pra todo mundo não). Só
fui voltar a ler com mais afinco quando a faculdade estava chegando ao fim, lá
por 2009, e começou a diminuir o tempo lendo os livros técnicos. Com a retomada
da leitura resolvi conhecer outras histórias do mestre King.
De 2010 pra cá li 7 livros dele e a cada livro que leio só
aumenta minha admiração por ele. É incrível a criatividade dele. Cada livro que
você pega pra ler é uma surpresa porque não há fórmulas como acontece com
alguns autores (sim, estou falando de Dan Brown que eu gosto, mas escreve
sempre mais do mesmo), cada livro tem uma identidade própria e é singular,
podendo ter elementos parecidos com algum outro, mas no geral sendo único. Dos
que eu li, “Zona Morta”, “O Cemitério” e a “A Hora do Vampiro" estão entre minha leituras
preferidas não só de terror, mas no geral. Zona Morta, por exemplo, tem uma das
personagens mais carismáticas, em minha opinião, de toda literatura, o John
Smith. A cena dele com a namorada no parque antes da tragédia que acontece com
ele é simplesmente deliciosa de se ler
O mais recente livro dele que eu li foi o “Sob a Redoma”, um
calhamaço de mais de 900 páginas, mas que já se juntou aos três citados anteriormente
na minha lista de preferidos dele. Apesar do grande volume de páginas não tem
como o livro não ser devorado. A leitura é muito agradável e mantem um ritmo
frenético do começo ao fim. O próprio Stephen King cita isso em algum lugar do
livro, agradecendo a sua agente por garantir que ele mantivesse o pé embaixo o
tempo todo, e é realmente assim que você se sente, como se ele estivesse
dirigindo a 140 km/h numa rodovia super movimentada.
“Sob a Redoma” mostra os dias que se seguem após um misterioso campo de força isolar completamente do mundo exterior a pequena cidade de Chester’s Mill, no Maine. Só que a “redoma”, como fica sendo conhecido o misterioso campo de força, não é algo que vai aparecendo devagar, com o conhecimento de todos, garantindo que a população se adapte a isso. Não, um segundo ela não está lá e no outro, de repente, está e é por causa disso que o livro já começa com um ritmo frenético, pois assim que a redoma aparece os seus efeitos já são sentidos graças a um acidente de avião. Dai pra frente é tragédia atrás de tragédia enquanto as pessoas se acostumam com a nova situação.
O livro em si não é um livro de terror, já que não tem
nenhuma entidade fantasmagórica, nenhum monstro ou algo do gênero. É mais um
suspense psicológico onde o monstro é o próprio homem. Como sempre acontece
numa situação de crise têm sempre aqueles sedentos por poder que tentam se
aproveitar da situação pra lucrar em proveito próprio. Em “Sob a Redoma” não é
diferente. Enquanto grande parte da população não tem a menor ideia do que
fazer, nem se sente com forças pra agir, o segundo vereador da cidade (no
começo do livro explica o sistema de governo nas pequenas cidades do Maine pra
situar o leitor), James "Big Jim" Rennie, tenta controlar a situação
de maneira que ele possa se beneficiar ao máximo, nem que ele tenha que tomar
decisões que só gente do naipe de Hitler e Mussolini tomaria. Para se contrapor
a Big Jim e tentar por ordem na cidade temos Dale "Barbie" Barbara,
um ex-tenente e agora chapeiro da lanchonete da cidade.
A história é muito bem escrita e com uma pesquisa bastante
boa sobre o que poderia vir a ocorrer com as condições atmosféricas dentro da
redoma dando credibilidade ao livro. Outro ponto que eu gostei do livro foi o
final, porque eu passei o livro inteiro morrendo de medo que ele estragasse
tudo no fim. Na minha cabeça eu só via dois finais possíveis: em um a redoma
sumia tão de repente quanto voltou e o povo ia ter que se acostumar de volta à
situação de antes, e no outro, ela nunca sumia e todos morriam porque uma hora
o oxigênio acabava. Mas pra minha surpresa o final é de deixar você sem fôlego
num clímax hiper ultra mega tenso e termina numa explicação boa levando-se em
consideração o que ele fala durante todo o livro. Não é O final, mas pra
Stephen King, que tem fama de não saber escrever finais, é um final muito decente
pra um excelente livro.
Ainda em tempo, esses dias eu vi que o livro vai ser
adaptado em uma série de 13 episódios pelo canal americano CBS. É torcer pra
ficar fiel ao livro, porque se ficar vai ser muito boa.
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