31 de jan. de 2015

[Literatura] Perdido em Marte



"- Fico me perguntando o que ele está pensando neste instante.
DIÁRIO DE BORDO: SOL 61
Por que o Aquaman consegue controlar baleias? Elas são mamíferos! Não faz sentido.
Nas minhas últimas idas à livraria tinha notado o livro "Perdidos em Marte" do escritor Andy Wein na seção de ficção científica, mas confesso que olhava a capa, lia o título e passava pro próximo. Alguma coisa nele não conseguia prender minha atenção. Na verdade ele não despertava curiosidade nenhuma em mim. A coisa só mudou quando estava vendo um post, em algum site que eu não em recordo mais qual era, falando sobre livros que vão virar filme nesse ano, 2015. Dentre os tantos livros estava "Perdidos em Marte", e pior, com o Matt Damon, Sean Bean e direção do Ridley Scott. Pensei comigo: "Ok, talvez o livro seja interessante. Da próxima vez que eu for à livraria vou dar uma olhada".

Há uns três dias eu estava de bobeira deitado na cama e minha esposa comenta comigo: "Aquele livro de ficção científica do post de filmes está com desconto no Kindle". Após alguns segundos de processamento meu cérebro compreendeu a frase e fui dar uma olhada. O desconto estava realmente muito bom, mas como não sabia nada sobre a história do livro fiquei meio com o pé atrás de comprar. Dei uma lida na sinopse que já é bem interessante e fiquei realmente curioso com o livro, principalmente pela parte que diz que Mark Watney, o astronauta que fica perdido em Marte planta batatas no planeta Vermelho. Quão absurda é a ideia de alguém plantando batata em Marte! 

Sinopse: "Há seis dias, o astronauta Mark Watney se tornou a décima sétima pessoa a pisar em Marte. E, provavelmente, será a primeira a morrer no planeta vermelho. 
Depois de uma forte tempestade de areia, a missão Ares 3 é abortada e a tripulação vai embora, certa de que Mark morreu em um terrível acidente.  
Ao despertar, ele se vê completamente sozinho, ferido e sem ter como avisar às pessoas na Terra que está vivo. E, mesmo que conseguisse se comunicar, seus mantimentos terminariam anos antes da chegada de um possível resgate. 
Ainda assim, Mark não está disposto a desistir. Munido de nada além de curiosidade e de suas habilidades de engenheiro e botânico – e um senso de humor inabalável –, ele embarca numa luta obstinada pela sobrevivência. 
Para isso, será o primeiro homem a plantar batatas em Marte e, usando uma genial mistura de cálculos e fita adesiva, vai elaborar um plano para entrar em contato com a Nasa e, quem sabe, sair vivo de lá. 
Com um forte embasamento científico real e moderno, Perdido em Marte é um suspense memorável e divertido, impulsionado por uma trama que não para de surpreender o leitor."

Apesar de ter ficado curioso com a sinopse ainda tava meio assim e resolvi pelo menos dar uma lida na amostra que o Kindle disponibiliza. Assim que acabou a amostra tive que comprar o livro e suspender a leitura de "A Coisa" do Stephen King e "J.R.R. Tolkien - o Senhor da Fantasia" de Michael White, que eu vinha intercalando até então.

O ritmo de "Perdido em Marte" é frenético. Apesar do livro cobrir um espaço de quase 2 anos o ritmo é incessante com algo sempre acontecendo. Não há perda de tempo com histórias paralelas, memórias que ajudam na construção do personagem, nada disso, simplesmente a história de um homem deixado pra trás pela tripulação em Marte com chances ínfimas de sobrevivência. Aqui vale ressaltar duas coisas. A primeira é que ele não foi deliberadamente deixado para trás. Todos os indícios indicavam que ele estava morte. E o segundo é que ele é um engenheiro mecânico, então não existe essa conversa de "chances ínfimas de sobrevivência". 

Pra quem ainda não suspeitou eu também sou engenheiro mecânico.

Além do ritmo frenético e da precisão científica do livro que em momento algum chega a ser maçante ou frustrante para leigos no assunto, o livro é extremamente divertido. Apesar de toda a desgraça que está acontecendo, o astronauta Mark Watney é o personagem mais cativante e engraçado que eu já tive o prazer de conhecer nos meus anos de leitura. Não tem como não se apegar ao personagem e sofrer, rir e torcer junto com ele.

As passagens mais divertidas, na minha opinião, são as que envolve a interação dele com a NASA. A NASA sempre tentando diminuir os riscos ao máximo, cumprindo protocolos, longos discussões para tomadas de decisão, e ele, muitas vezes, achando que a decisão é idiota e que não tem tempo pra essa besteira e resolvendo tudo com fita adesiva.

"Contei à NASA o que eu havia feito. Nossa conversa (parafraseada) foi:
Eu: "Desmontei tudo, encontrei o problema e o consertei."
Nasa: "Babaca."" 

Confesso que não me divertia tanto com um livro há muito tempo. Ele é o tipo de livro que prende você do começo ao fim e no final deixa um sentimento perda por ter acabado. Altamente recomendado, principalmente por causa do filme que está com estréia prevista para o final desse ano lá fora e só Deus sabe quando aqui no Brasil. Em tempos de filmes excelentes sobre espaço como "Gravidade" e "Interestelar", espero que "Perdido em Marte" também seja bom. História boa ele tem.