
Há algum tempo
estava eu dando uma olhada no excelente blog “Gato Branco em Fuligem de Carvão” quando
vi uma postagem sobre o livro “A Ilha do Dr. Moreau”, e vi que a editora
Alfaguara tinha lançado uma edição nova. Sempre tive vontade de ler H.G. Wells,
só nunca tive um livro dele em mãos pra ler. O que conheço das principais obras
do autor (A Máquina do Tempo, 1985; A Ilha do Dr. Moreau, 1896; O Homem Invisível, 1897 e A Guerra dos Mundo, 1898) é devido as várias adaptações cinematográficas já feitas. O filme A Ilha do Dr. Moreau (1996), pelo que eu me lembro, vivia passando no SBT na Tela de
Sucessos e eu vivia vendo. Nunca via desde o começo, é bem verdade, mas sempre
via de onde pegava. O filme, apesar de não ser uma obra-prima sempre me
agradou. Mas o que me chamou a atenção quando li o post não foi o desejo de ler
o livro ou de rever o filme, e sim, a memória de um momento bem constrangedor pelo
qual passei.
Quando menor
sempre ia com meu pai alugar filmes na locadora até o dia que o videocassete
quebrou e ele assinou a NET. Como havia, entre várias coisas, filmes na
programação ele não se deu o trabalho de comprar outro. E foi assim durante a
metade final da década de 90 até que em 2000, eu acho, no meu aniversário de 15
anos eu pedi um videocassete de aniversário pra poder ver as fitas gravadas que
eu tinha em casa.
Um ano depois,
meu aniversário caiu num final de semana e como era comum nessa época fomos
passar o final de semana na casa de praia de um amigo dos meus pais. Normalmente
depois de almoçar eu ficava vendo televisão no sofá até cochilar. Nesse dia, sou
acordado pelo amigo do meu pai dizendo que tinha sabido que era meu aniversário
e que tinha um presente pra mim. Ele então em entrega uma embrulho bem grande
com 4 fitas VHS dentro. Claramente ele tinha descoberto meu aniversário 15
minutos antes e pegou essas fitas que estavam encalhadas num canto pra me dar.
Mas de qualquer forma eu gostei do presente. Ainda estava empolgado com o videocassete e os filmes que ele tinha me dado (Face a Face com o Inimigo, Beleza Roubada, O Último Matador e
A Ilha do Dr. Moreau) pareciam bons.

Ele me
entregou o embrulho e voltou pra beber com meu pai, enquanto que eu ficava “alisando”
meus novos filmes. Li a sinopse de cada um, admirei a capa e programei
mentalmente a sequência em que eu iria vê-los. Como eu sabia que eram usados
tirei da caixa pra ver o estado deles e foi aí que começou o momento
constrangedor.
Quando tirei o
filme do H.G. Wells da caixa vi que não era ele quem estava lá e sim um pornô
com um título escrito a mão “Minha mulher alguma coisa que eu não lembro mais”.
Por um momento pensei: “Que massa me dei bem!”. Queria ver “A Ilha do Dr. Moreau”,
mas um pornô, pra um garoto de 15/16 anos era muito mais útil. Um instante
depois veio outro pensamento: “E se isso for um filme caseiro deles por isso
tava escondido na fita do Dr. Moreau? Ele vai perceber que sumiu e vai saber
que está comigo”. Sei que durante uns minutos fiquei ponderando o que fazer com
a fita. Acabou que venceu a ideia que eu iria vê-lo em ação com a esposa e
resolvi devolver. Assim, quando ele passou na sala novamente cheguei para o
amigo do meu pai e disse que achava que a fita do Dr. Moreau estava errada. Ele
olhou, viu a fita, ficou super constrangido, assim como eu, e disse que ia
trocar por outra, o que de fato ele fez, já ainda hoje tenho o “O Cão de Guarda”
ao invés de “A Ilha do Dr. Moreau” aka “Minha mulher alguma coisa que eu não
lembro mais”.
Quando cheguei
em casa parei pra pensar no assunto e era óbvio que ele estava me dando a fita
de propósito. Na minha ingenuidade na hora não percebi. Só sei que todos os
outros filmes eu assisti umas 10 vezes, já o Cão de Guarda eu nunca vi de
raiva.
Nenhum comentário:
Postar um comentário