6 de fev. de 2011

[Cinema/Desenhos] Os Irmãos Marx e uma escada de 99,5 degraus


Ao contrário do Natal, onde todos os filhos tem que estar junto e sempre tem uma ceia farta, aqui em casa, o Ano Novo foi sempre uma coisa meio morta. Era cada um por si, e geralmente eu passava em casa sem fazer nada, ou vendo os fogos na TV. Quando a coragem permitia andava os 4 quarteirões que separam minha casa e a praia, mas logo depois que acabava voltava. A coisa era tão séria que já passei a virada de ano vendo Jogos Mortais. Hoje em dia melhorou bastante, deposi que conheci a minha princesa.

Num desses Anos Novos estava eu em casa fazendo não lembro o que quando ouço meu pai gargalhando na sala. Como meu pai não é uma pessoa que gargalha o tempo todo fui dar uma olhada no que estava acontecendo. Quando chego lá ele esta vendo um filme em preto e branco com um cara com um bigode enorme claramente pintado fumando um charuto e disparando piadas mais rápido que o Clint Eastwood nos seus filmes de cowboy.


Acabei vendo com ele o final do filme, e o seguinte, e o seguinte. Durante os filmes descobri que se tratava de uma maratona dos Irmãos Marx. Mas aí veio a pergunta. Quem diabos são os Irmãos Marx? Nunca tinha ouvido falar naquela trupe, mas foi amor a primeira vista.

Um maluco com um enorme bigode pintado fumando um charuto e soltando piadas, um mudo com cara de maluco que gosta de infernizar a vida dos outros e usa buzinas pra se comunicar e gosta de tocar harpa, um malandro que gosta de se dar bem em cima dos outros e nas horas vagas gosta de tocar piano, e um galã. Esse quarteto me encantou naquela madrugada do primeiro dia de um ano que já passou há algum tempo. Groucho, Harpo, Chico e Zeppo, esses eram respectivamente seus nomes.

Depois daquela noite toda vez que passava um filme deles eu via e sempre ria mesmo após a quarta vez. Naquela época eu não tinha DVD ainda, apenas um VHS que eu adorava usar pra gravar os filmes que eu gostava, então é claro que quando surgiu a oportunidade eu gravei. Dos 3 que passaram, 2 eu consegui gravar, o outro, o que eu tinha pego pela metade quando ouvi as gargalhadas do meu pai nunca mais passou e eu não consegui gravar. Mas “Gênios da Pelota” e “Batutas Burlescos” já davam pra me fazer rir por horas.


Com o passar dos anos meu VHS foi perdendo espaço e resolvi que era hora de procurar os filmes pra baixar e, quem sabe, conseguir ver “Diabo à Quatro” inteiro. Procurei pelos filmes no PirateBay e encontrei pra baixar em DVD. Minha internet não era uma maravilha na época, mas os filmes valiam a pena baixar, então comecei a dura batalha de baixar 4,7 GB com uma internet de 1 MB.

Enquanto baixava o arquivo percebi que ele tinha sido postado primeiramente num site. Peguei o endereço e fui dar uma olhada pra ver o que mais de interessante tinha no site. Descobri que era um site espanhol só com DVD pra baixar. Felizmente muitos dos DVDs que lá existiam – existiam porque o site ao que parece fechou – possuíam legenda em português de Portugal. Não era a perfeição, mas era melhor que nada.


Baixei muita coisa por lá. Desde uma série de episódios de suspense apresentados pelo Hitchcock, uma dúzia de filmes dos Irmãos Marx, além de uma dúzia de filmes clássicos que não encontrava por aqui. Vale lembrar que na época não era tão fácil com hoje achar filmes lançados por aqui para baixar, então o site era uma maravilha. Porém, o que fiquei mais feliz de baixar não foi um filme ou uma série, e sim um anime que eu gosto. Kimagure Orange Road.

Minha história com Kimagure Orange Road começou por acaso. Estava numa fase de querer ver todos os animes que existem, então via muuuita coisa. Estava baixando outro anime que já nem lembro quando vi pra baixar Kimagure Orange Road, ou KOR para os íntimos. A história parecia meio bobinha na época, afinal, a história sobre uma família com poderes psíquicos que vive se mudando de cidade porque descobrem seus poderes, e o triângulo amoroso que o filho mais velho vive na nova cidade não parece uma obra prima, mas mesmo assim resolvi arriscar. E como valeu a arriscada.


Nos primeiros episódios já percebi que ia adorar o anime. O personagem principal, Kyosuke conhece por acaso uma garota, Madoka, por quem se apaixona. No primeiro dia de aula descobre que ela é da sua turma, mas que ela é meio barra pesada e que dentro do colégio ela não dá a mínima pra ele. Pra complicar as coisas ele acaba beijando sem querer uma outra garota, Hikaru, e ela logo se apaixona por ele. Infelizmente, ou felizmente por que isso é o que torna a série o que ela é, Hikaru é amiga de infância de Madoka. Está montado o triângulo amoroso que vai durar os 48 episódios e que vai levar Kyosuke quase a loucura.

Gosto de KOR porque Kyosuke é um banana, mas um banana com coração. Ele se preocupa com as duas e não quer ferir nenhuma, o que raramente acontece. O normal é ele pisar na bola e magoar uma das duas. Outro ponto que eu achei que seria negativo no começo, mas que acabou se mostrando um trunfo foi os tais poderes psíquicos da família. A série, felizmente não foca nos poderes dele e sim no relacionamento e nas trapalhadas amorosas de Kyosuke. Os poderes entram apenas pra ajuda-lo em algumas situações. Como ter que ir de um lugar para o outro num segundo e outras coisas.


Porém, não foi fácil ver KOR. A pessoa que legendava a série, ao que parece desistiu de fazê-la no meio, e como era ele quem tinha os DVDs originais de onde tiravam os episódios a coisa ficou parada por muito tempo. Aos poucos os episódios forma voltando a aparecer, mas eu não consegui esperar para saber como terminava. Como o anime foi baseado no manga de mesmo nome, resolvi que seria interessante lê-lo. 18 volumes em inglês para alguém só com o básico foi um trabalho meio duro. Mas valeu cada esforço, porque o final do manga é perfeito. O do anime já não é tão bom quanto.

Li o manga e terminei de ver o anime em inglês. Depois revi em português. E quando descobri no site que tinha pra baixar o DVD com legenda em português, nem o fato de ser 10 DVDs me parou. Baixei todos com velocidade média de 10 kb/s, ou seja, levou uma eternidade, mas consegui. Hoje os DVDs estão aqui na minha estante, com capinha, bonitos e prontos para eu ver quando quiser.

Aproveitando, mais um da série "Um dia ainda terei dinheiro vadio pra gastar com o que eu quiser".


5 comentários:

  1. Você não vai passar o link pra gente???

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  2. Nice, o site de onde baixei os DVDs hj em dia não existe mais. Era o DVDQuorum que tem até nos links do blog.

    Porém, se vc quiser ver kor ou irmãos marx em avi posso tentar providenciar os links pra vc. Só me diz qual vc quer que eu dou uma procurada.

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  3. Puxa...valeu pela delicadeza...mas não te darei esse trabalhão. Se o site existisse ainda ficava mais fácil...vou revirar a net.

    Um abração.

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  4. Olá!
    Tudo bem?
    Eu conheci este blog porque estava atrás de "O Mundo de Beakman" e vc não sabe como fique surpreso ao encontrar em um blog alguém comentando sobre irmãos Marx e KOR, foi mesmo uma grata surpresa.

    Lembro-me q por volta de 1984 ou 1985 (tinha uns 13 anos de idade) passei em um cinema e estava exibindo "Um dia nas corridas" de uns tais Irmãos Marx. Comentei com meu pai e ele ficou doido, adorava eles e não os via tinha uns 30 anos. Fomos ao cinema e maravilhei-me com o Groucho a ponto de até hj te-lo como meu comediante predileto graças à sagacidade em soltar aquela piadas rápidas nos momentos exatos.
    Como pode ver, comecei bem vendo no cinema um dos melhores filmes deles.
    Vi que gosta de ler livros então posso sugerir a autobiografia do Groucho? É muito legal, pode ler que vale à pena.

    Quanto a KOR um dos meus animes favoritos e vc tocou num ponto importante da história, o que torna KOR agradável é exatamente o fato de os poderes psíquicos serem apenas coadjuvantes, o importante mesmo são as desventuras dele neste triangulo amoroso.
    E tem razão ele é um banana mesmo a ponto de eu só me referido a ele desta forma, resultado tinha esquecido o nome dele :)
    Eu não sei se sabe, mas existem dois longas de animação do KOR que acredito eu deva fechar o anime como no mangá, digo isso pq eu não li o mangá.
    Bem, devo dizer mais uma coisa, outra sugestão minha, não sei se vc conhece Maison Ikkoku, da mesma autora a Rumiko Takahashi, p/ mim a melhor obra dela. Se não conhecer procure ver pela legenda feita pelo AnimePlus, o melhor trabalho de legenda que já vi em um anime, nota-se que foi feito com carinho.
    No mais, devo dizer q a imagem que postou da Madoka ela esta linda D+ :)

    Parabéns pelo Blog é bom encontrar gente com tão bom gosto :)

    Abraços

    ÐS

    PS Já tinha "favoritado" seu Blog e como disse antes fiquei maravilhado com este então resolvi ver mais quem é essa pessoa de tão bom gosto e vejo que vc é o dono do blog depósito do Calvin? Adoro. E é um remeniscente do Farra? Caraca mais um blog p/ ser favoritado. :)

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  5. Opa DS, que bom encontrar gente com gostos parecidos com os meus. Realmente sou o dono do depósito do Calvin - que anda meio abandonado, admito -, mas o FARRA só visitei algumas vezes atrás de conteúdo, não cheguei a ser colaborador.

    Já em relação aos filmes de KOR vc está certo, existem 2. Eu, pessoalmente, só vi o primeiro. O segundo o estilo do traço é outro e não consegui assistir. Não parece o mesmo desenho.

    O problema com o final do anime e do manga é que no manga o final é mais brusco. Parece que ele vira homem pela primeira vez na vida e toma uma decisão com quem ele quer ficar. No anime ele meio que não quer magoar nenhuma das duas e fica numa frescura da porra.

    Com relação a Maison Ikkoku, eu tenho a série completa nessa versão que você comentou. Assisti quase todos os episódios, mas ficaram faltando alguns, e isso ja faz alguns anos, uns 3-4. Então não sei se lembro a história direito. Talvez tivesse que rever quase tudo e como o anime é deveras extensso bate a preguiça. Mas com toda certeza é um dos melhores animes que existe. Tem toda uma graça, uma sutiliza, com o romance do personagem sendo até "bobo" na sua inocência, mas que dá uma pureza a situação, o que torna o anime fantastico. Um dia ainda termino de ver e faço uma resenha dele aqui, porque com certeza ele merece.

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