Hoje eu me dei conta que faz 10 anos que eu uso o Skoob. Pra quem não conhece, o Skoob é uma plataforma/rede social para quem gosta de ler. Lá é possível registrar os livros lidos, marcar desejados, fazer resenhas, comentar, etc. Eu basicamente uso pra "anotar" os livros que vou lendo.
Eu não me considero um leitor voraz, como algumas pessoas que eu conheço, ou alguns booktubers que leem mais de 100 livros por ano. Olhando pra esses 10 anos, contabilizei 152 livros lidos, o que dá basicamente 15 livros por ano. É uma média que podia ser melhor, mas que me satisfaz. Podia ser melhor, porque nesse período teve alguns anos em que li por volta de 20 livros, mas nos últimos 3 anos o ritmo de leitura deu uma diminuída.
Entre 2010 e 2012 eu estava no mestrado, e apesar das leituras específicas da minha pesquisa e das atividades no laboratório, eu conseguia dedicar um bom tempo para a leitura. Eu 2013 eu comecei meu doutorado e no segundo semestre comecei a atuar como professor, o que fez com que o ritmo diminuísse já em 2013 e mais ainda em 2014. No começo de 2015 eu qualifiquei meu doutorado e já estava com as aulas estruturadas (além de ter tido uma greve que durou uns 3 meses), então voltei a ter um pouco mais de tempo para a leitura. Mas esse ritmo só durou aquele ano. Nos anos de 2016 e 2017 eu estava mais preocupado em terminar meu doutorado do que outra coisa, então foi só ladeira a baixo. Em 2018 e 2019 eu venho tentando recuperar o ritmo da leitura, mas está complicado. Eu assumi mais responsabilidades no trabalho e isso acaba demandando mais tempo e se reflete no ritmo da leitura. Mas esse ano de 2019 eu fiquei satisfeito de ter lido ao menos um livro por mês. No gráfico abaixo dá pra acompanhar o meu ritmo de leitura nesses 10 anos.
Outra coisa interessante que eu percebi foi como meu gosto literário foi mudando nesse tempo. No começo desses 10 anos eu estava lendo muito romance histórico, principalmente os escritos pelo Bernard Cornwell. Só em 2010 foram 4 livros dele lidos. Por volta de 2013 eu comecei a me aventurar mais nos livros de ficção científica tentando ler os clássicos. Nesse período eu li 1984, Laranja Mecânica, Neuromancer, O Homem do Castelo Alto, Fahrenheit 451, Fundação, entre outros. Sempre tive um pouco de resistência em ler livros do gênero (e dificuldade de achar edições novas até a editora Aleph apostar com força no segmento) e foi muito gratificante ter um maior contato com esses clássicos do gênero. Já nos últimos anos tenho cada vez mais lido livros de não-ficção, principalmente livros reportagem, um gênero que nunca tinha dado muita bola, mas que tem me cativado cada vez mais.
Apesar da minha mudança de gosto, alguns autores sempre apareceram entre as leituras, como o Stephen King, o próprio Bernard Cornwell e Michael Crichton. São autores que eu adoro e que vez ou outra eu leio alguma coisa. É tanto que esses 3 são os autores que eu mais li nesse período de 10 anos. Só do Stephen King foram 12 livros lidos. Dá quase 10% do total. O gráfico abaixo mostra os autores que eu mais li nesse período.
Feito esse breve resumo das minhas leituras dos últimos 10 anos, vamos ao que eu li e ao que eu mais gostei de ter lido em cada ano.
2010
O ano de 2010 foi o ano em que eu mais li livros do Bernard Cornwell. Foram 4 livros do autor no total, sendo que Azincourt foi o que eu mais gostei dos 4. Mas dos 18 livros desse ano, o que eu mais gostei de ter lido foi o "A Zona Morta". Na época eu já tinha lido uns 2 ou 3 livros do Stephen King, mas a construção de personagem que ele faz nesse livro, a empatia que você adquiria pelo personagem principal nas primeiras 50-100 páginas, e a mudança de rumo que ele dá na vida dele de forma súbita e corajosa, é impressionante.
2011
Nesse ano eu li coisas que eu queria ler a muito tempo, como "O Parque dos Dinossauros" do Michael Crichton e "A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça" do Washington Irving. Tive contato com Nick Hornby, George R. R. Martin e sua não tão famosa ainda Crônicas de Gelo e Fogo e Philip K. Dick, com "O Homem do Castelo Alto". Mas, por mais estranho que pareça, o meu preferido desse ano é o desconhecido "Cotoco", que eu adoraria que tivesse as continuações publicadas, mas que sei que nunca virão porque o livro não fez sucesso.
2012
Mais conhecido como o ano em que eu li uma "ruma" de Stephen King. Ao todo foram 4. Mas foi o ano também em que eu li o excelente "Sobrevivente" do Chuck Palahniuk. Pra mim o melhor livro dele dentre os que eu li. Li os ótimos "Contato" do Carl Sagan e "No Coração das Trevas" do Joseph Conrad. Finalizei a trilogia de livros do Guilherme del Toro e do Chuck Hogan, que gerou uma série (Strain) que eu comecei a ver, estava gostando, mas parei por falta de tempo.
2013
Apesar de menos leituras, a qualidade do que foi lido, eu acho superior ao anos anteriores. "Laranja Mecânica", "Fahrenheit 451" e "Fundação" no mesmo ano! Li também o "Mundo Perdido" do Michael Crichton, que me fez ter mais raiva ainda do filme, porque o livro é ótimo. Teve também o divertidíssimo "Cadê Você, Bernadette?". Mas a minha leitura preferida foi o não-ficção "Variedades da Experiência Científica" do Carl Sagan. O homem era um gênio mesmo. A maneira como ele consegue mostrar a insignificância do ser humano no universo, e de como a religiosidade pode ser experimentada de forma diferente quando você se coloco nessa posição, é única.
2014
Ano em que tive contato pela primeira vez com Fred Vargas e passei a amar a autora (sim, autora). Mais ficção científica com "Caverna de Aço" do Asimov, que na verdade é um livro policial com robôs. Teve o ótimo "O Maior Espetáculo da Terra", mas o que mais me prendeu foi "Novembro de 63" do Stephen King.
2015
Mais Fred Vargas, mais Stephen King, mais Chuck Palahniuk e mais ficção científica. Finalmente li "Neuromancer" que achei só ok, e "It - A coisa", que achei sensacional. Gostei bastante de "O Demonologista", mas o que levou o título de melhor do ano foi "Um Cântico para Leibwotiz" que, apesar de ter sido escrito nos anos 60, esta cada vez mais atual. Nele o mundo tem uma guerra nuclear e as pessoas culpam a ciência pelo caos que a sociedade está passando. Uma caça às bruxas começa e tudo ligado ao conhecimento cai por terra. O que resta de conhecimento fica nas mãos da igreja, através de livros, plantas baixas, mapas, etc, que vão sendo passados de geração pra geração por meio de cópias, como na idade média. Só que o que foi passado pra frente foram só os objetos, o conhecimento se perdeu.
2016
O ano de 2016 foi recheado de Fred Vargas e teve boas surpresas com o bom livro nacional "Realidade Oculta", que tem uma pegada bem parecida com "O Parque dos Dinossauros", mas com mais ficção-científica. O ponto forte é que o autor é paleontologista, então tem muita pesquisa por trás da história. Outra surpresa boa, mas que já era esperada pelos comentários positivos foi "A Guerra do Velho". Mas a melhor descoberta de 2016 foi sem sombra de dúvida "Z, A Cidade Perdida", que não foi bem uma descoberta, mas uma oportunidade de ler um livro que já queria a muito tempo, e de conhecer um dos autores que eu mais tenho gostado de ler ultimamente.
2017
Ano fraco de leitura, mas que foi redimido pela descoberta dos ótimos "A Caderneta Vermelha" e "Os Irmãos Sisters" e pela leitura de alguns dos maiores clássicos da ficção-científica: "1984", "Androides Sonham com Ovelhas Elétricas?" e "Tropas Estelares".
2018
Esse foi o ano da leitura de não-ficção. dos 10 livros lidos, 5 eram desse gênero e todos eu gostei bastante de ler. Coloco em destaque "Assassinos da Lua das Flores", "A Guerra" e "O Dono do Morro". Nesse ano também tive o prazer de ler "O Mundo Perdido" do Sir Arthur Conan Doyle, e conhecer uma faceta dele além dos livros do Sherlock Holmes.
2019
O ano ainda não acabou, mas dificilmente vou terminar mais alguma leitura até o dia 31, então posso dar por encerrado. Se já tive ano de ler romance histórico, ficção científica e não-ficção, esse foi o ano dos clássicos. Sejam mais antigos, ou clássicos modernos. Finalmente tomei vergonha na cara e li Kafka, li Dostoiévski, li Dumas, li Truman Capote, li Kurt Vonnegut. E todos foram bons. A única decepção foi "Crime e Castigo", não por ter achado ruim, mas porque minhas expectativas era muito grandes. Voltei a ler Michael Crichton, e como eu estava com saudade! Mas o grande destaque, e um dos melhores livros que eu li na vida, foi "O Vendido" do Paul Betty. Um livro que só pode ser escrito porque o escritor era o Paul Betty. Façam um favor a si mesmo. Leiam. Ponto.